Em julho, especificadamente no dia 7, a Declaração de Cambridge sobre a consciência em animais humanos e não-humanos, completou um ano. O documento é um marco, pois, pela primeira vez, a comunidade científica reconheceu que os animais são seres senscientes. A declaração em resumo, apresenta a conclusão de um grupo de neurocientistas de que os humanos não são os únicos animais com as estruturas neurológicas que geram consciência. Agora se admite o que foi negado durante tanto tempo: muitos animais, incluindo o invertebrado polvo, apresentam consciência.
A partir do documento escrito por Philip Low e editado por Jaak Panksepp, Diana Reiss, David Edelman, Bruno Van Swinderen, Philip Low e Christof Koch, da Universidade de Cambridge, Inglaterra, é possível combater com embasamento científico a prática dos animais vistos como máquinas e, consequentemente, utilizados como se assim fossem até meados do século XX, quando emergiram diversos questionamentos sobre suas capacidades.
O fato de que os animais apresentam consciência torna seus estados afetidos importantes do ponto de vista moral, isto é, se um animal sofre, isso deve ser considerado moralmente. As várias situações que causam sofrimento aos animais passam a ser questionadas, pois a neurociência mostrou que, de fato, os animais experimentam situações favoráveis e desfavoráveis.
A Declaração de Cambridge cumpriu o relevante papel de inverter o ônus da prova. A partir dessa constatação científica, se alguém quiser afirmar que os animais (pelo menos os vertebrados e cefalópodes) não têm consciência, terá que demonstrá-lo sob a luz da mesma ciência. Ficou evidenciada a necessidade de se repensar várias práticas que ocorrem em nossa sociedade em relação aos animais e os Médicos Veterinários e Zootecnistas têm um importante papel nessa conscientização. Por esse motivo, precisam avaliar essa Declaração e refletir para que possam lidar com as repercussões éticas de suas ações, em uma sociedade que reconhece cada vez mais o estatuto moral dos animais.
Fonte: Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária, Ano XIX , no 59 , 2013, pg 8.